Racismo e Eugenia na formação social brasileira - influências na gênese do Serviço Social
Resumo
A pesquisa propõe-se a investigar o solo sócio histórico em que o Serviço Social brasileiro emerge, por considerar o período de 1889-1930, do ponto de vista sócio-histórico e econômico, importante para a consolidação do capitalismo no Brasil, pois sucede a abolição do trabalho escravo, instituindo, efetivamente, o trabalho assalariado como regime de trabalho no país (Santos, 2012, p.67). Partindo dessa análise, esta pesquisa busca explorar alguns dos mecanismos utilizados pelas elites brasileiras para sustentar o racismo, que fundamentará a sociedade contemporânea, como ferramenta que servirá de manutenção para o modo de produção capitalista. Debruçar-se sobre as particularidades desse capitalismo dependente, e como constitui-se a formação da classe trabalhadora com suas intersecções de gênero, raça e classe. Abordarei as ferramentas utilizadas para engendrar as relações raciais no Estado Brasileiro em formação: como a ideologia do branqueamento e a eugenia, é fundamental para acrescentarmos elementos no caldo de análise da formação sócio-histórica da profissão e construirmos uma práxis antirracista . O trabalho propõe-se a analisar a eugenia enquanto ferramenta do racismo estrutural, utilizada pelas elites para perpetuar as relações de raça hierarquizadas na modernização brasileira, ancoradas em bases científicas, para perpetuar as disparidades raciais, heranças de uma sociedade fortemente marcada pela barbárie das colônias do processo de acumulação primitiva de países europeus. Localizando o Serviço Social neste movimento, a eugenia foi uma ferramenta utilizada para construir um "tipo" de povo brasileiro, respondendo a um processo de modernização, que ganha força sobretudo na passagem do século XIX para o XX, se corporificando ao projeto de nação vigente a partir de 1930, como aponta Gonçalves (2018), ao identificar Oliveira Vianna como um dos maiores ideólogos das políticas de intervenção social na Era Vargas.
