Minicurso 9 Da compreensão do racismo estrutural ao enfrentamento do racismo institucional: qual é a tarefa das assistentes sociais?

Sessões: 16 e 17 de dezembro

Autores

  • Gustavo Fagundes (UFRJ)
  • Nathalia Carlos (UFRJ)

Resumo

O minicurso tem como objetivo a compreensão do racismo estrutural na formação social brasileira para situar o papel dos assistentes sociais no enfrentamento ao racismo institucional que atinge tanto profissionais quanto usuários. As marcas dos séculos de escravidão e o papel do Estado brasileiro no período que corresponde a transição do regime de trabalho compulsório ao assalariado foram centrais na organização da sociedade como conhecemos hoje. Negros e negras são majoritários na composição da superpopulação relativa, o que implica em uma trajetória de permanente convívio com o desemprego, pobreza e violência estatal. A estruturação do racismo não compreende somente o braço armado do Estado ou a discriminação explícita, sua disseminação acaba por penetrar em todos os estágios da sociedade. Portanto, ainda que exista um arcabouço jurídico que criminaliza o racismo, as instituições permanecem impregnadas de tal ideologia. Os processos que envolvem a elaboração, gestão, controle social e implementação de políticas publicas são atravessados por essa lógica que estrutura nossa sociedade. O povo negro representa a maioria da população brasileira, sendo majoritários dentre os usuários dos serviços públicos, seja no âmbito da saúde, educação ou assistência. Nesse sentido, torna-se necessário refletir sobre o trabalho do profissional assistente social com relação a população negra, frente não só aos desafios sociais e econômicos da contemporaneidade como também a luz das condições gestadas historicamente pela formação da sociedade brasileira.

Principais tópicos do curso
Será dividido em dois eixos: 1°) Abordagem sobre a formação social brasileira, o processo de transição do trabalho escravo para o assalariado, a estruturação do racismo e do sexistmo na sociedade e a compulsória localização da população negra nos postos de trabalho subalternizados e a imposição da precariedade nas condições de vida; 2°) Reflexão sobre o fazer profissional dos assistentes sociais e relação com a população usuária, debate sobre as tarefas do assistente social frente às barreiras impostas pelo racismo institucional e quais mecanismos podem ser apropriados no cotidiano dos profissionais.

Metodologia
O minicurso será realizado a partir da explanação de conteúdo acumulado após revisão da bibliografia de referência e também influenciado pela experiência profissional e militante dos painelistas, com duração prevista de 90 minutos. Sendo dividido em 45 minutos para cada eixo, conforme explicado nos tópicos do curso. Sendo os primeiros 25 minutos correspondendo a abertura por parte de um dos responsáveis e os 20 minutos finais disponíveis para debate entre os participantes.

Bibliografia de referência
ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. Pólen. São Paulo. 2019.
ALMEIDA, M. S. Desumanização da população negra: genocídio como princípio tácito do capitalismo. EM PAUTA - n. 34, v. 12, p. 131- 154. Rio de Janeiro. 2° semestre de 2014.
CARNEIRO, Sueli. Gênero e raça na sociedade brasileira. In: Escritos de uma vida. São Paulo, Pólen livros, 2019.
EURICO, M. C. A percepção do assistente social acerca do racismo institucional. Serviço Social & Sociedade, Ano XXXIII, n. 114, p. 290-310, 2013.
FARIAS, Márcio. Pensamento social e relações raciais no Brasil: a análise marxista de Clóvis Moura. Margem Esquerda - revista da Boitempo n. 27. outubro de 2016.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, N°. 92/93 (jan./jun.). p. 69-82. 1988.
LUCE, Mathias Seibel. A superexploração da força de trabalho no Brasil: evidências da história recente. In: Niemeyer Almeida Filho (org). Desenvolvimento e dependência: cátedra Ruy Mauro Marini. IPEA. Brasília. 2013.
MARINI, Ruy Mauro. Dialética da dependência. In; TRASPADINI, Roberta; STEDILE, João Pedro. (org) Ruy Mauro Marini: vida e obra. Expressão Popular. São Paulo. 2005. p.137-180.
MOURA, Clóvis. Dialética Radical do Brasil Negro. Editora Anita Garibaldi. São Paulo. 2014.
ROCHA, Roseli. A questão étnico-racial no processo de formação em Serviço Social. Serviço Social e Sociedade, n.99, p. 540-561, jul./set. 2009.

INSCRIÇÕES ENCERRADAS

LISTA DE INSCRITOS CONFIRMADOS

Amanda de Almeida Sanches
Amaranta Ursula Fiess Leandro
Ana Maria Gomes dos Santos
Ana Maria Gomes dos Santos
Ana Paula dos Santos Santana
Anna Beatriz Rocha Magalhães
Axel Gregoris de Lima
Bia Santos Correia
Bruna Barboza Galdencio
Christiane franca de carvalho
Claudia Fassini
Dannylo Cavalcante Alves
Denise Costa De Carvalho
Eliana do Carmo dos Santos Gonzaga
Eliane Nunes da Silva Gomes
Elisângela do Remédio Antunes de Oliveira
Emilly Vitória Corrêa dos Santos
Emmanuella Aparecida Miranda
Eufrozina Conceição Brandão
Gabriela Inácio Santos
Helyssa Alves Bafum
Iane Pereira Da Silva
Iony Cunha Bezerra
Isabelly Andrade de Oliveira
Jessica Silva Andrade dos Santos
Juliana Bárbara Ramos de Souza
Juliana Yuri Kawata
Laísa Santos do Nascimento
Lilian Fernandes Silva
Lorena Sarmento Penha
Maria Luiza Rosa Dias
Marilia Brito de Almeida
Marta Maria de Andrade Gomes
Matheus de Paula Souza
Matheus de Paula Souza
Mayara Talita Sales Leite
Nara Lourdes Azevedo Silva
Nathalie de Lima Machado
Noelle Cristina Lima da Silva
Ozeane Araújo de Albuquerque da Silva
Raquel Rodrigues da Silva Freitas
Rayssa de Sousa Santos
Rosane fratane de Oliveira
Simone dos Santos
Simone Ferreira Costa
Taiana Silva da Silva
Thais Acosta Batistella
Vanessa Carvalho lima
Vanessa de Fátima Ferreira Silva
Weslley Leonardo da Silva Lima

Biografia do Autor

Gustavo Fagundes (UFRJ)

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bolsista do CNPq. Possui graduação em Serviço Social (2017) pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Participa da pesquisa Superexploração, Racismo Estrutural e Alienação junto com ao Laboratório sobre Marx e a Teoria Marxista da Dependência (LEMARX-TMD/ESS-UFRJ). Integrante do Grupo de Pesquisa e Estudo em Questão Racial e Serviço Social (GEPEQSS), vinculado a Escola de Serviço Social/UFF-Niterói. Pesquisa sobre Serviço Social, questão racial (ideologia da democracia racial, alienação e racismo, autodeclaração racial), Teoria Marxista da Dependência (superexploração) e movimentos sociais de juventude.

Nathalia Carlos (UFRJ)

Assistente social. Doutoranda em Serviço Social no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) na UFRJ. Mestra pelo Programa de Pós Graduação em Serviço Social e Desenvolvimento Regional da Escola de Serviço Social da UFF (2016). Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (2012)  Experiência como Assistente Social na política de Assistência Social do município de São Gonçalo-RJ e como Coordenadora da Proteção Social Especial de Média Complexidade. Pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares (NEPFE/UFF), estuda a questão urbana com ênfase em favelas, políticas públicas e movimentos sociais. Compõe também o Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos, Infância, Juventude e Serviço Social (NUDISS- UFF). Possui experiência em conselhos de direito, assessoria a movimentos sociais e serviço social nas áreas de educação, saúde e empresas.

Publicado

2021-03-05

Lista

Seção

Minicurso